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Análise de Ciclo de Vida para Gestão Ambiental

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Análise de Ciclo de Vida para Gestão Ambiental

Já imaginou se toda indústria atuasse comprometida com a preservação da natureza e tivesse como premissa alinhar o seu crescimento à preservação ambiental?

Bem, este cenário incrível está em processo de desenvolvimento, digamos que desde a década de 60, porém, com maior atenção e resultados visíveis nos últimos anos.

Para compreender como uma empresa pode (e deve) aliar seus processos e lucros à responsabilidade ambiental, é que trouxemos o tema “Análise de Ciclo de Vida para Gestão Ambiental”.

Vamos iniciar com a Gestão Ambiental, de modo a compreender o todo para depois nos aprofundarmos no Ciclo de Vida no detalhe.

Contexto da Gestão Ambiental

As primeiras manifestações internacionais preocupadas com o futuro da qualidade ambiental do planeta foram apresentadas em 1968, através da publicação do relatório “Limites do Crescimento”, pelo Clube de Roma, e em 1972, através da Conferência de Estocolmo, em que se tratou o tema “O homem e o meio ambiente”, organizada pela ONU.

Ademais, citam-se como eventos de extrema relevância também o Relatório de Brundtland, de 1987, em que foi tratado o padrão de desenvolvimento sustentável; o Rio 92, cujos temas foram a Carta da Terra e a Agenda 21; o Protocolo de Quito, de 1998, abordando a questão da redução dos gases de efeito estufa; Em 2002, o Rio + 10, retomando as discussões da Rio 92 e da Agenda 21, analisando e propondo soluções e alternativas; a Conferência das Nações Unidas, de 2011, em que foram definidas novas metas para redução de emissões de gases de efeito estufa; Rio + 20, tratando do compromisso das Nações com o desenvolvimento sustentável, dentre outros tão importantes ao compromisso com a preservação do meio ambiente como estes supracitados.

Tendo em vista que os desafios globais referentes à preservação e recuperação do meio ambiente estão crescendo continuamente, uma vez que vivemos em um mundo extremamente capitalista e potencialmente explorador de recursos naturais, podemos afirmar que preocupar-se em gerenciar os impactos ambientais, de modo a evita-los e a promover a melhoria à natureza já tão degradada, é essencial para a vida humana. Vivemos a era da agenda positiva, que não permite mais reduzir danos, e sim, exige inteligência, tecnologia e cultura de responsabilidade para evitar os impactos ambientais decorrentes da ação do homem.

A consciência de que tudo aquilo que criamos precisa ter sua vida útil previamente analisada criticamente, prevendo os impactos desde o processo produtivo, até o descarte ou “desfazimento”, ou ainda, inutilização. Este é o processo chamado de “Análise de Ciclo de Vida” e vamos aprofundar daqui em diante, então mergulhe conosco neste artigo que está só começando!

gestão ambiental

Conceituação de Gestão Ambiental

Quando se iniciaram as discussões acerca dos impactos ao meio ambiente, a Gestão Ambiental tinha como objetivo o reparo aos danos já causados ao meio ambiente, posteriormente amadureceu desenvolvendo a mentalidade da redução dos impactos e, atualmente, já contamos com a ideia de prevenção.

Podemos afirmar que Gestão Ambiental é o conjunto práticas, políticas, ações, tecnologias e metodologias produtivas, estruturados para cada um dos processos desenvolvidos em uma empresa, com a finalidade de se evitar o impacto ambiental e ainda, prevendo como agir diante de eventos ambientais, desenvolvendo plenamente a responsabilidade ambiental junto ao desenvolvimento e crescimento de uma organização. Um exemplo de tecnologia utilizada para preservação do meio ambiente é o uso de energias limpas para o processo produtivo industrial, bem como a energia eólica, por exemplo.

O desafio é modernizar o processo produtivo e o produto final, de forma que além de atender aos compromissos ambientais da empresa – atendimento a leis, normas, regulamentos e objetivos ambientais, ainda se assegure a qualidade, a competitividade e os lucros da empresa, afinal, a tecnologia e a industrialização não devem ser sinônimo de problemas ao meio ambiente em que vivemos, mas sim de desenvolvimento inteligente que preserve e promova impactos positivos à natureza.

Cabe ainda à Gestão Ambiental, o monitoramento da regularização ambiental da empresa e daquelas que atuem em seu nome, além de identificar, classificar e controlar os riscos ambientais aos quais está exposta, de forma a reduzir a probabilidade de ocorrência e a prever como agir diante dos impactos ambientais já ocorridos, melhorando continuamente.

Instrumentos de Gestão Ambiental

Dentre os principais instrumentos de gestão ambiental, destacamos:

  • O Licenciamento Ambiental;
  • Avaliação de Impacto Ambiental (AIA);
  • Estudo de Impacto Ambiental (EIA);
  • Relatório de Impacto Ambiental (RIMA);
  • Investigação do Passivo Ambiental;
  • Monitoramento Ambiental;
  • Auditoria Ambiental (ISO Série 14000);
  • Sistema de Gerenciamento Ambiental;
  • Análise de Riscos;
  • Análise de Ciclo de Vida (ACV).

Em meio a tantos instrumentos importantes e essenciais ao desenvolvimento da cultura de compromisso ambiental, hoje vamos tratar o impacto ambiental dos produtos através do desenvolvimento da Análise do Ciclo de Vida.

Normas Aplicáveis à Gestão Ambiental

Antes de nos debruçarmos sobre a Análise de Ciclo de Vida, vejamos algumas das normas que regem o processo de Gestão Ambiental: 

  • ABNT NBR ISO 14040: avaliação do ciclo de vida: princípios e estrutura;
  • ABNT NBR ISO 14044: avaliação do ciclo de vida: requisitos e orientações; 
  • ABNT ISO/TR 14047: avaliação do ciclo de vida: exemplos ilustrativos de como aplicar a ABNT NBR ISO 14044 a situações de avaliação de impacto;
  • ABNT ISO/TR 14049: avaliação do ciclo de vida: exemplos ilustrativos de como aplicar a ABNT NBR ISO 14044 à definição de objetivo e escopo e à análise de inventário; 
  • ABNT ISO/TS 14071: avaliação do ciclo de vida: processos de análise crítica e competências do analista: Requisitos adicionais e diretrizes para a ABNT NBR ISO 14044.
Análise de Ciclo de Vida para Gestão Ambiental

Conceituação de Análise de Ciclo de Vida

Compreendendo então que não basta minimizar os danos ou procurar “compensar” a natureza pelos estragos causados pelas ações do homem, e tendo em vista os objetivos da Gestão Ambiental, é que vemos na Análise de Ciclo de Vida, um ponto de partida importantíssimo à nova visão de Gestão Ambiental.

Observe a conceituação deste tema e perceba como ele é importante, e – sendo mais ousado – essencial ao desenvolvimento sustentável.

Entende-se por ciclo de vida de um produto o processo desenvolvido desde sua produção até seu descarte. O estudo intitulado Análise de Ciclo de Vida é desenvolvido de forma complexa e aprofundada, incluindo aspectos como: fonte e consumo de energia demandado no processo produtivo, processo de transporte do produto para venda, além dos impactos relacionados ao produto especificamente, bem como a possibilidade de reuso e reciclagem, tendo em vista que um produto pode inclusive ser biodegradável.

Objetivos gerais da Análise de Ciclo de Vida:

  • Identificação dos pontos críticos nos processos produtivos e do seu impacto ambiental;
  • Viabilidade de otimização do sistema, através da identificação das etapas de maior impacto ambiental, planejando ações para sua redução ou mitigação por completo;
  • Planejamento estratégico a longo prazo;
  • Ser competitivo em nichos de mercado diferenciais.

Dentre as inúmeras vantagens, podemos citar:

  • Desenvolvimento e melhoria dos produtos sob o ponto de vista de responsabilidade ambiental;
  • Planejamento estratégico: otimização de processos e diminuição de riscos associados aos impactos ambientais;
  • Marketing e publicidade: melhoria na imagem da marca;
  • Acesso a mercados internacionais e cumprimento de normais ambientais atuais e futuras;
  • Ingresso a nichos de mercados diferentes: possibilidade de ampliar o mercado;
  • Seleção de indicadores de desempenho ambiental específicos para cada produto.

Veja a seguir um exemplo para compreender o que pode ser analisado criticamente quando se trata de ciclo de vida:

  1. Produto: Embalagem plástica para armazenar alimentos – o famoso “potinho de plástico” que utilizamos para guardar aquela sobra de uma refeição em nossa geladeira.
  2. Ciclo de vida analisado: 
  • a matéria prima utilizada para produzir a embalagem plástica, verificando se vem de origem natural, de recurso renovável ou não renovável e de que forma foi extraída da natureza, se for o caso;
  • a forma de transporte da matéria prima até o local de produção, compreendendo que este trajeto deve ser planejado e otimizado, de forma a reduzir a emissão de poluentes, priorizando por recursos locais e/ou por logísticas inteligentes;
  • o processo produtivo utilizado para desenvolvimento da embalagem, analisando se este gera emissão de poluentes, qual a fonte de energia utilizada;
  • se o processo produtivo gera resíduos, verificando como se gerenciam os resíduos gerados;
  • o processo logístico de envio para vendas do produto, analisando novamente as emissões de poluentes quando do transporte do material, tendo em vista a ideia de vendas locais ou de logística inteligente, ou seja, envio em maior volume em menor quantidade de viagens;
  • a durabilidade do produto, tendo em vista as recomendações do fabricante;
  • a viabilidade de reaproveitamento e/ou reciclagem do produto;
  • o tempo que o produto leva para se degradar e os impactos que este processo gera para a natureza.
Análise de Ciclo de Vida para Gestão Ambiental

Referências Normativas para a Análise de Ciclo de Vida

Relativo ao referencial normativo aplicável à Análise de Ciclo de Vida, tem-se O Comitê Técnico TC 207 da ISO, criado em 1993 para desenvolver atualizar a série de normas ISO 14000, formou, entre outros, o Subcomitê 5 (SC5), designado Ciclo de Vida do Produto, publicando as normas ISO 14040 a 14049.

Este comitê elaborou normas relacionadas com a ACV, nomeadamente a norma ISO 14040 – “Análise do Ciclo de Vida – Princípios e Procedimentos Gerais”, que especifica as ferramentas metodológicas para a aplicação dos conceitos de ACV.

A ISO 14040:2006 descreve os princípios e procedimentos necessários para a Avaliação do Ciclo de Vida do produto (ACV) que, por sua vez, aborda todos os potenciais aspectos e impactos ambientais ao longo de toda vida de do mesmo, compreendendo as atividades de extração e aquisição da matéria prima, bem como a produção, utilização, reciclagem e por último a disposição final.

O processo de ACV inclui:

  • Compilação de um inventário sobre materiais e energias relevantes inseridas e emissões ambientais;
  • Avaliação do impacto ambiental associado com o consumo e emissões identificadas;
  • Interpretação dos resultados sobre o impacto do produto ou processo.

Impactos Ambientais a serem considerados numa análise do ciclo de vida do produto:

  • Impactos sobre os recursos naturais renováveis e não renováveis;
  • Potencial de aquecimento global;
  • Potencial de deterioração da camada de ozônio;
  • Potencial de acidificação;
  • Potencial de criação foto-química de ozônio;
  • Uso de energia e água;
  • Toxicidade (humana, terrestre, aquática, etc).

As duas primeiras fases da ACV são abordadas pela norma ISO 14041 – “Inventário do Ciclo de Vida” e pela norma ISO 14042 – “Avaliação dos Impactes no Ciclo de Vida”, publicadas em 1998 e 1999, respectivamente.

A norma ISO 14041 estabelece requisitos e recomendações para a fase de inventário, como, por exemplo, o modo como efetuar fluxos entre diferentes funções, como lidar com coprodutos e com vários tipos de reciclagem.

A norma ISO 14042 examina o inventário de entradas e saídas de materiais e de energia para melhor identificar sua significância ambiental.

Por fim, a norma ISO 14043, publicada em 1999, relativa à interpretação do ciclo de vida, analisa a relação que existe entre a ACV e outras técnicas de gestão ambiental.

As fases da Análise de Ciclo de Vida (ACV)

Um estudo de ACV é composto por quatro fases principais: fase de Definição de Objetivo e Escopo; fase de Análise de Inventário; fase de Avaliação de Impactos e por último a fase de Interpretação dos resultados.

  1. Definições de Objetivo e Escopo: compreende as decisões que conduzirão o estudo de ACV até o seu resultado final. Relativo ao objetivo é abordada a aplicação pretendida do estudo e as razões para tal, o público alvo, ou seja, para quem os resultados serão comunicados e se o método da análise de dados, podendo contar com um estudo comparativo com processo ou produto similar, por exemplo. Já com relação ao escopo, por ser um processo dinâmico, é possível que o administrador do estudo modique os aspectos analisados em cada caso, visando atender ao objetivo previsto inicialmente. 
  1. Análise de Inventário: compreende a coleta de dados e cálculo aplicados às entradas e saídas do sistema de produto estudado. Dentre os aspectos a serem considerados estão: 

a) Fluxograma do sistema de produto;

b) Procedimentos de cálculo;

c) Procedimentos de alocação.

  1. Avaliação de Impacto de Ciclo de Vida: estuda os impactos ambientais potenciais de um sistema produtivo e de um produto, utilizando os dados compilados na etapa anterior. Existem diversos métodos para esta avaliação, devendo, no entanto, atentar-se a aspectos como subjetividade nas análises ou diferenças entre indicadores e impactos. Esta fase da ACV deve conter:

a) Escolha das categorias de impacto, indicadores para estas categorias e modelos de caracterização;

b) Classificação dos resultados do ICV (correlação para com as categorias de impacto);

c) Cálculos de caracterização.

O resultado da ACV são os valores em indicadores de categoria, caracterizados conforme os modelos aplicados. Fatores opcionais da ACV são:

d) Agrupamento;

e) Ponderação;

 f) Normalização. 

  1.  Interpretação

Nesta etapa, as informações das fases 2 e 3 são utilizadas para composição de conclusões, que derivam recomendações de correção e/ou de melhoria. As interpretações que compõe o desfecho da análise, devem estar alinhadas aos objetivos e escopos iniciais, detalhando as limitações do estudo, informando as fontes dos dados coletados e o método de análise aplicado, incluindo a questão da subjetividade associada a ele.

Para além da análise do ciclo de vida, faz parte também da gestão ambiental e da responsabilidade sócio ambiental, que os fabricantes instruam os seus clientes quanto ao uso de seus produtos, visando a otimização da vida útil dos mesmos.

gestão ambiental

Aplicação da Análise de Ciclo de Vida (ACV) – Por que desenvolver

A Análise do Ciclo de Vida permite que as empresas e organizações conheçam os impactos ambientais de cada produto, compondo inclusive sua matriz de riscos ambientais, que compõe a Gestão Ambiental do negócio. Ela permite identificar, monitorar e controlar o impacto ambiental de qualquer produto ao longo de todo o seu ciclo de vida. Uma vez que se analisa toda a cadeia produtiva, desde extração de matérias primas até o descarte final do produto gerado, a ACV permite uma visão global do sistema que envolve cada produto desenvolvido, viabilizando o desenvolvimento sustentável da organização, compreendendo a relação entre a atividade industrial e o meio ambiente em que vivemos, sendo impactando no processo de tomada de decisões da organização e no seu planejamento estratégico.

Ok, agora que você compreendeu como é feita e a importância da análise de ciclo de vida, pode estar se perguntando: “Para qual indústria tal método pode ser aplicado?”.

Pois bem, veja que tudo aquilo que entendemos por produto, deve ter sua vida útil analisada, prevendo a utilidade e os impactos ambientais quando do seu descarte. Alguns exemplos são:

  • embalagens plásticas;
  • embalagens de vidro;
  • embalagens de madeira;
  • embalagens de alumínio;
  • componentes plásticos;
  • eletrônicos;
  • entre outros.

Diante de tantas indústrias em pleno funcionamento atualmente, com alta competitividade e do público consumidor cada vez mais exigente, podemos afirmar que o desenvolvimento sustentável por meio de um Sistema de Gestão Ambiental é mais do que necessário para a sustentabilidade das empresas, haja vista inclusive a rapidez com que tudo acontece!

Prepara-se para o novo tempo com time Studio! Somos profissionais especializados e prontos para auxiliar sua empresa a estar em plena conformidade ambiental, através de métodos e ferramentas inteligentes!

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