Durante toda a minha trajetória profissional, a convivência com os clientes empresários, o acompanhamento de auditorias e as leituras a respeito das normas ISO sempre me mantiveram próxima e atenta ao universo dos sistemas de gestão.
O estreitamento com as normas ISO aumentou quando do advento das normas ISO 19600:2014 e ISO 37001:2016, que regulamentam o Compliance e o Sistema de Gestão Antissuborno.
Graças a elas, adquiri um novo e importante norte em minha atuação como consultora na implementação de Programas de Compliance. E explico:
A ISO, Organização Internacional de Normalização (do inglês “International Organization for Standardization”) é uma organização não-governamental com sede em Genebra, na Suíça, e interliga os institutos de padronização regionais e órgãos reguladores de 246 países.
O nome não se trata, pura e simplesmente, de uma abreviação das iniciais do nome original. “ISO” originou-se a partir do vocábulo grego “ἴσος” (“isos”), que, por sua vez, significa igualdade.
Então, quando se escuta falar que uma determinada empresa conquistou certificação ISO, significa dizer que ela objetiva falar a linguagem internacional, conectando-se mais facilmente com os padrões globais de qualidade (porquanto o mercado compreenderá exatamente o que ela faz e como ela faz).
Ao atingirem os requisitos das normas ISO, as empresas melhoram a produção, fazendo com que cada processo da cadeia – desde a concepção, desenvolvimento, até a entrega efetiva ao consumidor final – seja mais eficiente, enquanto o resultado final, mais confiável. Nesse sentido, facilita-se a medição de desempenho, além de assegurar-se o alcance de melhoria contínua no sistema de gestão desenhado.
Não raro, essa concepção é desprezada por algumas organizações, notadamente por aquelas que defendem que uma certificação ISO, na prática, não reflete o real funcionamento de um negócio – chegando a afirmar, no bom português, que “não serve para nada, além de adornar uma parede branca na sala da Direção”.
Felizmente, a torcida favorável ainda é maioria. Dona de um olhar mais acurado, enxerga nas normas ISO importantes ferramentas para o desenvolvimento e oferta de produtos e serviços pelas empresas, que melhor atendam às expectativas dos destinatários (seja em âmbito interno ou externo).
As normas ISO e o alcance da melhoria contínua
Falar em melhoria contínua demanda explicar o famoso ciclo “PDCA”, cuja sigla sintetiza “plan”, “do”, “check” e “act” (ou seja, planejar, fazer, verificar e agir):
O ciclo, conforme antecipa seu próprio nome, visa a melhoria contínua através da repetição de seus procedimentos.
Planejam-se metas, objetivos e indicadores de desempenho; executa-se o planejamento; medem-se os resultados alcançados; e, a depender de estarem adequados ou não aos indicadores traçados inicialmente, adotam-se ações corretivas para garantir-se a melhoria contínua.
Uma vez detectadas as falhas no sistema de gestão e implementadas as correções necessárias, o ciclo se reinicia, exigindo novo planejamento, execução, monitoramento e, se for o caso, novas medidas corretivas.
Quais as vantagens de adequar a empresa às normas ISO?
A adequação das empresas às normas ISO tem o condão de beneficiá-las nos mais variados aspectos, merecendo destaque:
- A melhoria reputacional;
- Os impactos positivos no Valuation;
- A redução de custos e o aumento dos lucros, como consequência do melhor aproveitamento de recursos e mão de obra;
- Viabilidade de se planejar o crescimento organizado;
- Maior interesse de fornecedores e clientes no fechamento de novos contratos ou renovação daqueles já vigentes.
A melhoria contínua, que passa pela autopercepção de vulnerabilidades, confere às empresas certificadas um posicionamento mais competitivo, mostrando, portanto, que as vantagens de se adotar o padrão ISO superam, sobremaneira, as eventuais desconfianças.
As normas ISO na implementação e aprimoramento do Programa de Compliance
Os modelos de gestão das normas ISO 19600 e 37001 são similares e, graças ao fato de terem editadas segundo o mesmo modelo das demais normas dessa organização, permitem uma implementação integrada aos demais sistemas de gestão da empresa.
Quando se fala em Compliance e Sistemas de Gestão Antissuborno, a aplicação das normas ISO permite um olhar para além de normas e políticas, pautando o Programa, também, num ciclo básico de gestão “PDCA” e requerendo melhoria contínua.
Caso queira ler mais sobre normas ISO de Compliance e Gestão Antissuborno, entender sobre seus itens mais relevantes e os benefícios de obter uma certificação recomendo a leitura deste outro artigo.
***
Se você gostou desse tema, deixe um comentário no espaço abaixo e assine nossa newsletter para se manter atualizado.
Abraços e até a próxima!
Uma resposta