A gestão de riscos é uma prática essencial para a saúde das organizações, uma vez que realiza a identificação dos eventos indesejados, oportunizando o planejamento de ações de mitigação e contingenciamento e formando times preparados para coordená-los e executá-los.
Antes de avançarmos no tema do envolvimento da Alta Direção na gestão de riscos corporativos, é importante que tenhamos claro o conceito de risco, pelo quanto dispõe a norma ISO 31.000. Segundo ela, risco é o efeito da incerteza nos objetivos, ou a possibilidade de que um evento ocorra e afete, positiva ou negativamente, os objetivos da organização.
Tendo este conceito em mente, é possível perceber que o cenário de incerteza proporcionado pelos riscos requer uma estruturação de um Sistema de Gestão ao monitoramento e resposta aos eventos indesejados, de modo a proteger a organização como um todo e, simultaneamente, viabilizar o sucesso da estratégia negocial em execução.
Para se ter uma ideia da complexidade exigida na construção deste sistema de controles internos, tenha-se em mente que um único evento de risco, seja ele potencial ou real, pode atingir uma empresa sob diversos aspectos, principalmente: operacional, pessoal, financeiro, legal, reputacional e market share.
Sabendo, então, do potencial impacto que um evento de risco pode causar, deve-se supervisionar a eficiência e eficácia dos controles internos para, então, assegurar a mitigação desejada.
Nesse sentido, são fundamentais a conscientização e o envolvimento da Alta Direção na gestão de riscos corporativos, sobretudo na disponibilização dos capitais humano, financeiro e tecnológico necessários ao aprimoramento dos processos executados nos diferentes níveis da estrutura organizacional e, também, ao contingenciamento demandado por eventos que, a despeito da baixa probabilidade, são capazes de comprometer severamente a continuidade do negócio.
Além da conduta ética e exemplar do topo, tema que já tivemos a chance de abordar anteriormente aqui no Blog, compete à Alta Direção analisar, com cautela e continuadamente, o contexto organizacional e os stakeholders ligados aos processos críticos (aqueles de maior relevância ao core business), para, com base no entendimento dos impactos que essas relações geram de parte a parte, estruturar um Sistema de Gestão de Riscos de sucesso.
A Alta Direção e a Gestão de Riscos
É cediço que o desempenho de uma organização é resultado direto das decisões e do comprometimento das suas Lideranças, seguindo o princípio do “tone from the top” (algo como “o tom que vem cima”) ou o “top down” (“de cima pra baixo”, literalmente).
No aspecto, já tivemos a chance de abordar que o exemplo de conduta que vem de cima, remete à proatividade, ou seja, a Alta Direção representa a identidade ética de uma organização, incorporando, influenciando, e demonstrando, na prática, sua cultura e valores nos temas ambientais, sociais e institucionais.
De forma prática, listamos abaixo o passo a passo para o envolvimento da Alta Direção na gestão de riscos corporativos e, por consequência, engajamento dos demais gestores e colaboradores da empresa:
O primeiro passo é a estruturação de um setor específico para assumir a responsabilidade pelo monitoramento de eventos de risco e suporte ao seu gerenciamento, que suportará as áreas de negócio na identificação das ameaças e oportunidades, construção das ações mitigatórias pertinentes, além da avaliação de eficácia destas ações visando à melhoria contínua – PDCA;
O segundo passo é manter-se acessível ao Gestor da área de riscos, recebendo dele os reportes acerca de potenciais eventos de risco, a eficácia das ações de controle e as necessidades de investimentos e recursos para o êxito dos objetivos idealizados. Tal acessibilidade pode ser evidenciada no organograma da empresa, posicionando o setor de Gestão de Riscos próximo à Direção e demonstrando sua ligação direta – neste sentido, recomendamos a leitura do artigo intitulado “Onde Posicionar as Áreas de Gestão de Riscos e Compliance no Organograma da Governança?”, no qual explicamos as razões pelas quais deve haver o mínimo possível de “atravessadores” entre Gestores de Risco e membros da Alta Direção, de modo a garantir que os dados e informações críticas ao negócio, quando ascendem ao nível estratégico, sejam idôneos, viabilizando deliberações assertivas e conscientes;
Como terceiro passo, Alta Direção deve construir e comunicar Políticas de Gestão de Riscos, objetivando disseminar diretrizes e posturas em todos os níveis da empresa, inclusive aos seus parceiros de negócios, que deverão atuar de forma harmônica a esta conduta;
Por quarto passo, temos a promoção de cursos, palestras e workshops que evidenciem a abordagem baseada em risco (risk based approach) da organização e seus efeitos positivos ao atingimento dos objetivos estratégicos, táticos e operacionais. Outrossim, a participação de integrantes da Alta Direção, de Gestores e Supervisores nestas capacitações se faz indispensável, demonstrando seu compromisso em aprender e melhorar continuamente junto aos demais colaboradores e parceiros;
Finalmente, investir em educação continuada para Diretores e Conselheiros de Administração, com enfoque em Governança Corporativa, Gestão de Riscos e Compliance, mantendo-se constantemente atualizados das melhores práticas e ferramentas do mercado.
Este último item, em especial, foi tema de outro artigo super acessado em nosso Blog, intitulado “Treinamento dos Conselheiros de Administração e Compliance: Um Guia Definitivo”; elaborado com base em constatações de nossos últimos trabalhos, em que pudemos verificar que boa parte das lideranças de pequenos, médios e grandes grupos corporativos não investem seu tempo em capacitação, direcionando sua visão apenas para o aspecto financeiro, negligenciando a possibilidade de melhoraria de seus resultados através dos próprios processos, de forma estratégica.
No texto, elencamos instruções valiosas sobre como proceder ao solucionamento dessa questão, e alertamos, inclusive, sobre a responsabilidade legal dos membros da Alta Direção quando da omissão no gerenciamento dos riscos corporativos.
O Impacto da Alta Direção Capacitada nos Resultados do Negócio
Como resultado do envolvimento da Alta Direção na gestão dos riscos corporativos, é certo que as organizações perceberão:
- Conhecimento é poder: saber quais são os desafios enfrentados por cada um dos setores da empresa nas atividades que desenvolvem oportuniza uma aproximação da realidade, vetorizando a elaboração de soluções práticas viáveis, que, logicamente, estejam de encontro com a viabilidade financeira da empresa;
- À medida que os times se sentem compreendidos por seus líderes, o engajamento sobe instantaneamente. A ideia de se colocar no lugar do outro sensibiliza e gera maior comprometimento, uma vez que as duas partes estão envolvidas no processo, compreendendo suas dores e dissabores, procurando juntos pelo melhor resultado – como diz o velho ditado: “a união faz a força”;
- A interação direta com o Gestor de Riscos possibilita os temidos “telefone sem fio” e os conflitos de interesses, uma vez que se concentram as informações em um profissional idôneo.
Temos certeza de que o assunto pode, ainda, ser aprofundado junto ao nosso time de especialistas e, por esta razão, conte conosco para desenvolver o seu processo de Gestão de Riscos e veja de que forma podemos auxiliar a sua empresa a atingir os melhores resultados!
Até a próxima!
2 respostas